sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

MULHERES QUE AMAM DEMAIS (ROBIN NORWOOD)


MULHERES QUE AMAM DEMAIS (Robin Norwood)
Um breve resumo/resenha do livro seguindo fidedignamente o que revela a autora:
De música popular a ópera, de literatura clássica a romances mais suaves, de novelas a peças teatrais e filmes aclamados pela critica, somos rodeados de inúmeros exemplos de relacionamentos não recompensadores e imaturos que são glorificados e exaltados. Mais e mais esses modelos culturais dizem-nos que a intensidade do amor é medida pela dor que causa, e que aqueles que sofrem realmente amam.
Quando amar significa sofrer se está amando demais. Ama-se demais quando o parceiro é inadequado, desatencioso ou inacessível e a mulher ama mesmo assim obsessivamente. A mulher revela a necessidade de ser estóico, o sofrimento que exprime no papel de “salvadora”. Tornando-se obcecada por um relacionamento, obcecada por um tipo de homem, talvez, difícil e distante. O propósito do livro é fazer com que a mulher reconheça o fato, compreenda as origens desses sentimentos e descubra os instrumentos para modificar sua vida.
A mulher percebe que esta amando demais quando passa a ter um estrago físico e emocional sério a ponto de ser forçada a analisar o relacionamento. Geralmente essas mulheres (é o que revela a autora) que amam demais vêm de famílias desajustadas. A tensão emocional desse tipo de infância deixa marcas profundas na psique do indivíduo.
Quando a experiência na infância é bastante dolorosa, o indivíduo é freqüentemente compelido a recriar situações parecidas na sua vida, com o intuito de conseguir domínio sobre ela. E o que foi errado no passado, o que faltou e o que foi doloroso, é o que a mulher que ama demais tenta no presente corrigir. E é assim que se dá início a compulsão de controlar aquele ou aqueles que estão mais próximas dela.
Incrivelmente a mulher que ama demais não tem atração por homens gentis, estáveis, seguros e que estão interessados nela. Acha que esses homens “agradáveis” são enfadonhos. Acha que o homem instável é excitante é desafiante, o imprevisível é romântico, o imaturo é charmoso e o intelectual é misterioso.
Para as mulheres que amam demais fará sentido o homem que atraem serem, na maioria, os que parecem carentes. Um homem que apele que não será necessariamente um pobretão ou doente. Talvez seja uma pessoa incapaz de relacionar-se com outras, seja frio e não afetuoso, ou inflexível, ou egoísta, mal-humorado, ou incapaz de assumir um compromisso, ou ser fiel. Ou talvez nos diga que nunca foi capaz de amar alguém. Ou mesmo alguns homem que são incapazes de ficar com apenas uma mulher, embora gostem da segurança de um relacionamento.
Uma das características da mulher que ama demais é o grande medo de ser abandonada, ela faz qualquer coisas para impedir o fim do relacionamento e não mede esforços para ajudá-lo. Vive numa constante esperança de que amanha será diferente. Esperar que ele se modifique é, na verdade, mais confortável que nos modificar e modificar nossas vidas. Estando disposta a arcar com mais de 50 por cento da responsabilidade, da culpa e das falhas em qualquer relacionamento.
A mulher que ama demais imagina que sem um homem a quem dirigir a atenção, entra em estado de abandono, freqüentemente com muitos dos mesmos sintomas físicos e psicológicos do estado que acompanha o verdadeiro abandono do uso de drogas: náuseas, saudora, arrepios, tremedeira, aceleramento cardíaco, depressão, insônia, pânico e ataques de ansiedade. Num esforço de aliviar esses sintomas, ela retorna ao ultimo parceiro ou procura desesperadamente por um outro.
A mulher que ama demais geralmente é correspondida sexualmente, de tal forma, que chega a pensar ser ninfomaníaca. O homem que seria o oposto do ideal a faz sentir a atenção que deseja num simples bate-papo e ao se envolver a sua vida passa a girar em torno do tempo roubado que passam juntos. E passa a estar determinada a salvá-lo através da força de seu amor. O fato de fazê-lo feliz a deixa feliz. E passa a usar como grande impulso a sexualidade para estabelecer um relacionamento com o parceiro. (este é um dos comportamentos descritos pela autora) Comporta-se sedutoramente para conseguir o que quer, se sente bem quando isso funciona, e mal quando não funciona. E a primeira coisa que acontece quando o relacionamento começa a não dar mais certo é o sentimento de culpa.
O ato sexual, quando é altamente gratificante fisicamente, tem o poder de criar laços profundos entre duas pessoas. Especialmente para mulheres que amam demais. Acredita que viverá no futuro uma vida maravilhosa com esta pessoa que está se relacionando quando ouve do parceiro que ele precisa dela, quando isso a torna como um fator necessário na vida dele. E começa a chamar esse novo sentimento de amor. Que esta necessidade do companheiro é um legítimo sinal de amor.

A mulher que ama demais faz do auto-sacrifício um padrão de vida. E todo o fracasso em sua historia por não ter ganhado o amor através de seus esforços só a fazem esforçar-se ainda mais. Se o relacionamento que tivemos com nossos pais foi essencialmente de atenção, com expressões apropriadas da afeição, interesse e aprovação, quando adultos tendemos a nos sentir confortáveis com pessoas que produzem sentimentos parecidos de segurança, calor humano e auto-consideração positiva.
Entretanto, se nossos pais relacionam-se conosco de forma hostil, crítica, cruel, manipulador, surpreendentemente, ou de outras formas inapropriadas, isso é o que parecerá “correto” quando encontrar alguém que expresse, talvez bem sutilmente, sinais das mesmas atitudes e comportamentos.
Como as mulheres que amam demais encontram os homens com quem possam continuar os padrões de relacionamento insalubres que desenvolveram na infância?
Não é tanto o fato de ser o parceiro que escolhemos absolutamente igual à mãe ou ao pai, mas o fato de que com esses parceiros somos capazes de ter os mesmo sentimentos e enfrentar os mesmo desafios que encontramos ao crescermos; somo capazes de reproduzir a já tão conhecida atmosfera da infância, e usar os mesmo artifícios nos quais já temos tanta prática. Isso é o que, para muitos de nós, constitui o amor.
Mas como fazemos isso? Qual é exatamente o processo misterioso, a química indefinível que está entre uma mulher que ama demais e o homem que quem está atraída? Se a pergunta for formulada de outras maneiras, por exemplo: que luzes se acendem entre uma mulher que precisa se sentir necessária e um homem que procura alguém para assumir responsabilidades por ele?
A mulher que ama demais quer assegurar-se de que seu homem seja dependente de dela. Muitas vezes acreditamos que somos atraídas por qualidades que parecem ser o oposto das que nossos familiares possuíam. Todos os indícios de quem ele é já estão presentes nas primeiras conversas, mas a necessidade dela de aceitar o desafio que ele representa é tamanha que, ao invés de vê-lo como um homem instável, imprevisível, perigoso, bravo ou agressivo, o vê como uma vítima desamparada, precisando de compreensão.
Como as coisas funcionam para o homem envolvido? Quais são suas experiências com respeito à química que ocorre nos primeiros instantes ao conhecer uma mulher que ama demais? E o que acontece a seus sentimentos conforme o relacionamento prossegue, principalmente se o homem começa a modificar-se e tornar-se mais saudável ou mais doente?
Está sempre presente a atração por uma mulher forte que, de certa forma, promete compensar o que falta a cada homem e à vida dele. Os homens, de forma correspondente, indicam que estiveram procurando por alguém que os pudesse ajudar, que conseguisse controlar o comportamento deles, fazer com que se sentissem seguros, ou “salvá-los”. No livro também encontramos vários relatos de homens que se sentiram atraídos por mulheres que amam demais.
No conto A Bela e a Fera - mostra que a mulher conseguirá modificar um homem se o seu amor por ele for muito grande.
Por que será que a idéia de transformar uma pessoa infeliz, doentia ou coisa pior em parceiro perfeito atrai tão intensamente a mulheres que amam demais? Por que esse conceito é tão tentador, tão persistente?
“Eu passava sermões e tentava organizar sua vida”.
Uma das personagens do livro é Pam que tentava desenvolver relacionamentos, nos quais seu papel era compreender, encorajar e aperfeiçoar o parceiro. Esta é uma fórmula freqüentemente empregada por mulheres que amam demais, e no geral produz exatamente o efeito oposto do esperado. Ao invés de um parceiro agradecido e leal, que fica ligado a ela pela devoção e dependência, tal mulher percebe logo que possui um homem cada vez mais rebelde, ressentido e crítico para com ela. Sem considerar a própria necessidade de manter a autonomia e o auto-respeito, ele para de vê-la como a solução de todos os seus problemas, e, ao invés disso, faz dela a fonte de muitos problemas, se não da maioria deles. 
A autora descreve que a veneração ao trabalho é também um sério desajuste, como são todos os comportamentos compulsivos. (veneração ao trabalho é uma das formas de se evitar alguém, empregada freqüentemente por homens provenientes de famílias desajustadas, da mesma forma como amar demais é um dos principais meios de fuga empregados por mulheres provenientes daquele tipo de família)
Com freqüência ACHAMOS QUE ESTAMOS INFELIZES porque acreditamos que o comportamento de outra pessoa está nos impedindo de fazê-lo. Ignoramos a obrigação de nos desenvolvermos, enquanto esquematizamos, manobramos e manipulamos outra pessoa para modificá-los, e tornamo-nos zangados, desencorajados e deprimidos quando fracassamos. Tentar modificar uma pessoa é frustrante e deprimente, mas exercer o poder que temos de efetuar uma mudança em nossa própria vida é hilariante.
Quanto mais nos esforçamos e quanto mais válvulas de escape perseguimos, mais doente ficamos, combinando vícios e obsessões. No final, descobrimos que as soluções tornaram-se os problemas mais sérios. Precisamos loucamente de alívio e não encontrando nenhum às vezes pode começar a ficar um pouco loucas. Ou loucos. (Isto serve para ambos)
Esta válvula de escape faz a pessoa esforça-se bastante em aperfeiçoar uma imagem para apresentar ao mundo exterior, uma imagem que mascara seu medo, sua solidão e o terrível vazio interior.
“Discutiam por causa do comportamento dele e dos resmungos dela.”
“Brenda olhava para Rudy à procura de apreciação e validação, mas a incapacidade dele para aquilo fazia com que sua autoestima, já tão mínima, diminuísse ainda mais.”
  “Rudy usava a turbulência do relacionamento com Brenda, criada deliberadamente, tanto para camuflar quanto para justificar sua perseguição viciante do álcool, das drogas e das mulheres. Ao mesmo tempo, Brenda usava a imensa tensão gerada pelo relacionamento como uma desculpa para render-se à sua bulimia e a outros comportamentos compulsivos e para perder-se neles. Um usava o outro para evitar lidar com eles mesmos e seus próprios vícios.”
Assim como era o pai de Brenda, Rudy era um homem que gostava de perambular, mas que também gostava de ter uma esposa e um lar. Branda acabou tendo um relacionamento semelhante ao de sua mãe.
“Ele falava bastante a respeito de querer recomeçar sua vida, iniciar uma nova família com alguém que ele pudesse realmente amar. Acho que fiquei lisonjeada por ele se sentir daquela forma com relação a mim.”
Esses tipos de relacionamentos proporcionam uma ótima válvula de escape, um grande passatempo, e certamente um disfarce altamente afetivo para a depressão.
Tais mulheres podem procurar inconscientemente o estimulo poderoso de um relacionamento difícil e dramático. Esse é o motivo por que, quando começa a se recuperar de seus problemas relacionando-se com homens de uma forma mais saudável, a mulher com esse tipo de problema normalmente afunda-se na depressão. Quando ela estiver sem um homem, tentará ressuscitar o ultimo relacionamento fracassado ou procurar frenéticamente outro homem difícil para quem dirigir a atenção, porque necessita ardentemente do estímulo que ele lhe proporcionará.
E depois de ler quase 300 páginas, se dá início ao que é mais valioso no livro: O caminho para a recuperação. O primeiro passo no tratamento de uma mulher com esse problema é perceber que está sofrendo de um processo doentio. Precisa saber que é viciada na dor e na familiaridade de um relacionamento desagradável, e que essa doença aflige muitas mulheres, com suas raízes nos relacionamentos conturbados que viveu na infância. Que a mulher que ama demais deve cortar o mal pela raiz imediatamente ao notar ter um relacionamento assim, que deve procurar uma terapia e procurar também grupos de apoio. Parar com esse tipo de comportamento para que outras áreas de sua vida possam se aperfeiçoar.
A autora acredita que seja muito difícil reconhecer o fato de se amar demais como uma doença, pois o vício não se relaciona a uma substancia, mas a uma pessoa. O livro é excepcionalmente brilhante, aqui eu não escrevi tudo, tem muito mais em cada página. Ela relata na 4º pessoa, ou seja, iniciamos a leitura se tratando em: nós. Acho que ela fez dessa maneira para que nós, leitora, nos incluíssemos no assunto abordado.
Depois tem os incríveis relatos de pacientes que sofreram desse mal e ao final a grande ajuda, o caminho para a recuperação desse vício. Muito dos relatos de mulheres que procuraram ajuda estão melhorando a cada dia. Mas, infelizmente, a grande maioria das mulheres que amam demais optará por continuar praticando seu vício, procurando pelo homem mágico que as fará felizes, ou tentando incessantemente controlar e aperfeiçoar o homem com quem estão.
Vale lembrar que, mulheres que amam demais, se existem filhos na história, estão certamente sendo negligenciados emocionalmente, quando não fisicamente também. Ou há outros indícios como a paralisação das atividades sociais. Existe amargor demais e segredos demais para manter, fazendo aparições públicas nada além de uma provação. E a falta de contato social serve para isolar cada vez mais a mulher que ama demais. Ela perdeu outra ligação vital com a realidade. O relacionamento tornou-se o seu mundo.
Caros amigos que acabaram de ler um pouco do que tem neste incrível livro. Identificou-se muito com o que está descrito aqui? Compre o livro e leia. Se você conhece alguém que ama demais e infelizmente estão apresentando alguns desses comportamentos, compre o livro e presenteie esta pessoa imediatamente. Por que acredito que não custa nada ajudar um amigo a dar o primeiro passo presenteando com este livro ou encorajando-o a procurar uma terapia adequada.
“A chave está em aprender uma vida saudável, satisfatória e serena, sem depender de outra pessoa para ser feliz.”

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